26 de dezembro de 2007

MNCR na luta pelos direitos dos catadores

MNCR na luta pelos direitos dos catadores


"ação direta é a arma que nós temos
pra fazer justiça pra viver
povo na rua, pra resistir e pra lutar
povo que avança
para o poder popular"

A exemplo desta canção popular, nós Catadores organizados no MNCR saímos as ruas de varias regiões dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, realizando ação direta neste dia 11 de dezembro, um dia depois do dia internacional dos direitos humanos para reivindicar a permanência de nosso trabalho, o reconhecimento e a valorização dos catadores através de subsídios públicos, a circulação dos catadores organizados e suas ferramentas de trabalho pelas cidades, construção de galpões e estrutura para o trabalho.



Em Porto Alegre e Região Metropolitana, nossa ação direta teve a saída da Ilha Grande dos Marinheiros e contou com a participação de bases orgânicas de Porto Alegre e a COOPAL além das bases orgânicas de Cachoeirinha, Gravataí, São Leopoldo e outras regiões de Porto Alegre.
Mais de 350 catadores caminharam tomando as ruas em Porto Alegre em direção a Prefeitura que fica no centro. Com palavras de ordem e manifestações políticas e culturais avançamos até nosso objetivo. As 14hs fomos recebidos por um secretário da prefeitura como ele não conseguia resolver nossa pauta de reivindicação, agendamos uma reunião com o prefeito para o dia 12/12 as 15hs.
Veja agora algumas falas de companheiros catadores: "não quero mais ter medo de trabalhar, medo de me levarem minha carroça e roubarem meus materiais, chega de injustiça"
"...geramos mais postos de trabalho a partir dos nossos, sem as carroças acabará com o trabalho dos capinseiros que cortam capim pros cavalos, ferreiros que fazem e colocam ferraduras, arreieiros que faz arreios, marceneiro que fazem carroças, o armazém e o mercadinho das nossas vilas, e mais outros trabalhadores que dependem de nós para trabalhar"
"chega de injustiça...queremos trabalhar com dignidade, reconhecimento e valorização do nosso trabalho"
Estas foram algumas palavras faladas durante os discursos calorosos que arrancavam palmas das pessoas que passavam pelo local além de palavras de ordem dos companheiros que estavam atentos aos discursos.
Uma das mais empolgantes das intervenções dirigido a população que nos assistia, foi nos passado por um companheiro da comissão nacional do MNCR. ele diz "...coletamos 150 toneladas por dia a custo zero..., este prefeito recebeu 200 mil reais para sua campanha na eleição, será que agora é hora de pagar?...mas e a empresa, não vai cobrar nada pela coleta?...quem pagará a conta?...somos mais de 15 mil catadores em Porto Alegre, se acabar com nosso trabalho, o que vamos fazer para sustentar nossas familias? já ouviram falar em MAFIA DO LIXO???" Estas são as perguntas que a sociedade portoalegrense quer escutar. Em Santa Cruz do Sul, na região do Vale do Rio Pardo, o MNCR juntamente com Resistência Popular realizaram a ação direta em frente a prefeitura com mais de 100 companheiros entre catadores, crianças, adolescentes e educadores populares, mais apoiadores. O MNCR reivindica junto ao executivo municipal o sancionamento de uma lei ? iniciativa dos próprios catadores e catadoras ? que institui o repasse dos materiais recicláveis coletados no município aos catadores organizados. A lei já foi aprovada pela Câmara. O prefeito disse que não pode aprovar a Lei agora porque há pouco tempo saiu a licitação para recolhimento e destinação, que já prevê que o material vá para os catadores. "É preciso esperar o resultado de licitação, que sai no mais tardar em abril, para se aprovar a Lei", disse o prefeito. O MNCR vai continuar pressionado, mas esse foi um importante passo para essa conquista se concretizar.

a Resistência foi cobrar políticas públicas para projetos autônomos na periferia. A partir da Luta do 1° de maio protagonizada pelos movimentos, foi formada uma comissão de vereadores para acompanhar as demandas dos movimentos junto ao executivo. Dentro da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) , está uma emenda que prevê destinação de um recurso público para suprir as necessidades da "Escolinha da Resistência", que educa diariamente cerca de 30 crianças e adolescentes do bairro Bom Jesus.
O recurso vai inclusive subsidiar o trabalho das educadoras que não recebem nada pelo seu trabalho. "Cobramos do prefeito que aprove a emenda e libere o recurso ainda no inicio do ano, para dar andamento às nossas atividades", falou a coordenação do movimento. Wenzel se comprometeu a voltar a fazer uma reunião com uma comissão da Resistência assim que a LDO for para o executivo. A previsão é que o Orçamento seja votado apenas em janeiro.


Em Caxias do Sul, o MNCR contou com a participação de 5 bases orgânicas, o dia foi de muita chuva, o que dificultou mas não acabou com a ação.
A prefeitura recebeu uma comissão do MNCR e nesta discussão encaminharam um grupo de trabalho que irá discutir a inclusão dos catadores com subsídio e outras demandas pontuais. Uma ONG e mais uma vereadora quiseram participar desta reunião, mas o MNCR não aceitou, "somos protagonistas e na hora da caminhada na chuva não apareceu ninguém, agora querem nossos louros..." escutou-se de um dos catadores. Os companheiros almoçaram na sede dos sindicato dos municiparios que apoiou inclusive com o carro de som e a tarde foram em direção ao Ministério do Trabalho. Durante todo o dia os companheiros distribuiram panfletos para a população entender melhor a luta do MNCR.


Em Santa Catarina, na cidade de Florianópolis o MNCR foi em direção a prefeitura onde exigi-mos que a prefeitura destine um terreno para que os catadores possam trabalhar. Entendendo um pouco a história. Em Florianópoli ja tinham um terreno com galpão. A prefeitura tirou o galpão e o terreno numa politica de higienização, apezar das lutas e resistencia que o MNCR fez, a prefeitura acabou tirando-nos do nosso trabalho.
Agora os estamos em um terreno que pertence a união e a luta é que a prefeitura destine um terreno, para que possamos trabalhar.
"Contamos caom a participação de todos os companheiros organizados no MNCR, o que nos deixou mais fortes durante a luta" diz o companheiro ca comissão nacional do MNCR. O MNCR ficou de apresentar um projeto para que a prefeitura avalie e com isso faça a destinação de um terreno conforme reivindicação do MNCR.


Em Erechim, na região norte do RS, saimos as ruas no dia 10, nossas reividicações é a inclusão dos catadores com subsídio além de agumas pautas pontuais. Em Santiago, na região centro também saimos as ruas pelas mesmas reividicações. Ja em Uruguaiana, estamos em discussão com a prefeitura a alguns dias, estamos aguardando as respostas da prefeitura quanto ao reconhecimento e a valorização dos catadores organizados através de subsídio.
Portanto, no dia de hoje não saímos as ruas, pois ainda estamos em avaliação das negociações, mas estamos em todo o apoio ao MNCR.

Luta nacional do MNCR
Depois da luta contra as prefeituras, também entregamos um documento na delegacia Regional do Trabalho e no Banco do Brasil de algumas cidades, que foi encaminhado ao governo federal, cobrando uma conquista do MNCR em março de 2006, na Marcha de Brasília. O mesmo documento foi entregue em todas as regiões que realizaram esta ação direta, numa luta conjunta e simultânea. A luta dos MNCR em Brasília há quase dois anos garantiu recursos federais para a criação de 39 mil postos de trabalho para os catadores e catadoras organizados no MNCR.
O documento exige a liberação dos recursos diretamente para associações e cooperativas de catadores, sem intermediação de ONGs e prefeituras. "Estamos cobrando do governo federal esse recurso que conquistamos na luta. Lembro-me muito bem que quase perdi minha vida e a de vários companheiros nesta luta. Não daremos nenhum passo atrás na conquista de nossos direitos", disse um dos coordenadores regionais do Movimento Nacional dos Catadores.
Outro eixo da Luta Nacional é contra a repressão e a violência aos catadores, pois em varias cidades os catadores estão sofrendo com os processos de higienização e revitalização por parte das prefeituras, além dos ataques a nosso trabalho.
Basta de repressão!!
Na luta nascemos, na luta permanecemos e lutando venceremos!!
MNCR na Luta pelos direitos dos catadores!

MNCR, Nenhum passo atrás!

maiores informações: http://br.f904.mail.yahoo.com/ym/Compose?To=mncrpoa@mncr.org.br
http://www.mncr.org.br/noticias_integra.aspx?noticia=240

22 de dezembro de 2007

O inquérito do dossiê com as supostas contas de Lula

No Brasil de Dantas
por Leandro Fortes

O inquérito do dossiê com as supostas contas de Lula e outros só rende ao banqueiro o indiciamento por calúnia
Dantas tem sido tratado com deferência também neste episódio ©Lula Marques/Folha Imagem
Da próxima vez, quando alguém afirmar que o Brasil é o reino do cinismo, da covardia e dos conchavos dos poderosos, pense bem antes de retrucar. A última prova, cabal, é o resultado de um ano e meio de investigação da Polícia Federal sobre o dossiê entregue pelo banqueiro Daniel Dantas à revista Veja com supostas contas no exterior do presidente Lula, de quatro ministros, do diretor-geral da própria PF e de um senador da República. Seria impensável em qualquer outro lugar que uma publicação considerada séria publicasse, como fez a Veja em maio de 2006, informações sem nenhuma comprovação, reunidas de forma suspeita por um ex-agente da CIA, e repassada por um cidadão que é réu em processo por espionagem, classificado pelo Ministério Público Federal como “chefe de quadrilha”.Seria impensável também que um ministro da Justiça, como fez Márcio Thomaz Bastos, citado entre os titulares das supostas contas não-declaradas, aceitasse se reunir às escondidas, na calada da noite, e três dias depois da publicação do material, com o acusado de ser o mentor do falso dossiê. Que o encontro ocorresse na casa de um senador da oposição intimamente ligado ao chantagista, como é o caso de Heráclito Fortes (DEM-PI). E que o convescote fosse mediado por dois deputados do partido dos principais alvos da tramóia (no caso, os petistas Sigmaringa Seixas e José Eduardo Cardozo).Seria impensável em qualquer lugar, menos no Brasil. Portanto, não espanta, nesta altura dos acontecimentos, a conclusão do inquérito do delegado federal Disney Rosseti. Na segunda-feira 10, Rosseti indiciou Dantas e Frank Holder, o ex-agente da CIA que preparou o dossiê, por calúnia, baseado na Lei da Imprensa. A Editora Abril saiu ilesa da história. Não há nada contra a Veja, concluiu Rosseti. À exceção da Folha de S.Paulo, que registrou a conclusão do inquérito de forma burocrática, o resto da mídia silenciou sobre o resultado, apesar de, à época da publicação das contas, ter repercutido o noticiário de Veja. Os principais alvos do dossiê também se calaram. Nenhuma nota de repúdio, nenhum gesto de indignação. É como se tudo não passasse de estripulias de uma criança espevitada em vez de uma jogada com claras intenções e previamente calculada: chantagear autoridades e desestabilizar ainda mais um governo mergulhado na crise.Calúnia, nos termos da lei, é o ato de atribuir a alguém falsamente fato definido como crime. Em caso de condenação, a pena prevista é de seis meses a três anos de prisão, além de multa. Pela Lei de Imprensa, e por envolver o presidente da República, essa pena pode chegar a cinco anos de cadeia. O delegado Rosseti alega ter optado por essa legislação para aumentar a pena e evitar a prescrição do caso antes do julgamento, se o Ministério Público Federal decidir denunciar Dantas e Holder à Justiça. Para não indiciar a Editora Abril, responsável pela veiculação do crime, e os autores da reportagem, o delegado ateve-se ao argumento da “liberdade de expressão”. Também levou em conta o fato de Veja ter sido processada, criminalmente, por Lacerda, seu ex-chefe e hoje diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).De acordo com o dossiê, Lacerda teria 1,1 milhão de euros em contas no exterior. Os demais seriam donos dos seguintes valores: Lula, 38,5 mil dólares; José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado do PT), 36,2 mil dólares; Antonio Palocci (ex-titular da Fazenda e atual deputado), 2,1 milhões de dólares; Luiz Gushiken (ex-secretário de Comunicação da Presidência da República), 902,1 mil euros; Bastos, 1,4 milhão de dólares; e o senador Romeu Tuma (PTB-SP), 1,1 milhão de euros. “Se eu soubesse que tinha esse dinheiro, teria comprado um presente para dona Marisa”, ironizou Lula, à época, quando soube da notícia, durante uma visita oficial à Áustria.Embora a investigação tenha durado 18 meses, Rosseti atuou no caso, de fato, por 11 meses. Isso porque, por longos sete meses, o caso ficou emperrado no Supremo Tribunal Federal (STF), nas mãos do ministro-relator Eros Grau. O processo foi parar no STF, no início do ano, ante determinação do procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, por envolver autoridades com direito a foro privilegiado. Somente em agosto passado, com base em um parecer do procurador-geral, Grau decidiu arquivar o caso. Entendeu o ministro não haver qualquer indício capaz de provar a existência das supostas contas no exterior. Os autos voltaram à primeira instância da Justiça Federal de Brasília e, de lá, para as mãos de Rosseti. A partir de então, as investigações resumiram-se aos casos de Lacerda, Gushiken e Dirceu, pelo fato de o trio não ter sido incluído no balaio do foro privilegiado do Supremo.Rosseti, então, entrou em contato com o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça para utilizar as ferramentas de acordos de cooperação mútua com a Suíça (onde haveria as supostas contas de Lacerda e Gushiken) e as Ilhas Cayman (Dirceu). Esperou por 60 dias e recebeu informações lacônicas. O governo suíço alegou impedimento legal para responder ao pedido porque, formalmente, só pode abrir esse tipo de informação se houver provas de envolvimento do suposto correntista com crimes de corrupção no país de origem. Ou seja, se o indício de corrupção for justamente a existência de contas no exterior, a suspeita morre no nascedouro. Em Cayman, não foi diferente. Nos dois casos, a PF contou com o apoio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o órgão de inteligência do Ministério da Fazenda, para chegar à conclusão de que nenhum dos envolvidos jamais havia remetido dinheiro algum para as supostas contas levadas por Dantas à Veja.Além disso, o delegado foi atrás dos endereços brasileiros de dois dos bancos envolvidos no caso, o Delta Bank, dos Estados Unidos, e o Deutsche Bank, da Alemanha. Nas agências localizadas em São Paulo, também não conseguiu sucesso. Foi informado de que somente as agências envolvidas no caso poderiam se pronunciar sobre as contas. No relatório final, entregue ao MPF, Rosseti aproveitou para criticar a burocracia e a ineficiência dos tais acordos de assistência judiciária mútua assinados pelo Brasil com outros países. As ferramentas, embora tenham sido boladas para facilitar a comunicação e a investigação entre as justiças internacionais, atrapalham mais do que ajudam, de acordo com o parecer de Rosseti. Como último recurso, pediu aos advogados de Lacerda, Gushiken e Dirceu para estes solicitarem, em caráter pessoal, informações sobre as tais contas nos referidos bancos. Os pedidos foram feitos, mas nem os supostos detentores das contas conseguiram obter dos bancos estrangeiros informações sobre se eles próprios eram detentores de numerários nas instituições. Inacreditável.Um primeiro parêntese: O Delta Bank é uma instituição conhecida das autoridades brasileiras. Milhões de dólares de envios ao exterior feitos pelo Banestado, no maior escândalo de remessas ilegais da história do Brasil, passaram por lá. O Opportunity de Dantas, personagem central dessa trama, era useiro e vezeiro das “facilidades” do Delta. O banco de DD usou a instituição norte-americana para movimentar contas de aplicadores no Opportunity Fund, sediado em Cayman. Os gestores do fundo foram condenados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por abrigar investidores brasileiros, o que feria regras do sistema financeiro.Um segundo parêntese: Na longa disputa judicial travada com o ex-sócio Luiz Roberto Demarco, e da qual saiu derrotado, Dantas e a irmã, Verônica, executiva do Opportunity, foram acusados de forjar documentos e provas. Entre os papéis falsificados, segundo a conclusão da Justiça britânica, estavam assinaturas de clientes do fundo sediado na ilha caribenha. Dessa forma, os executivos brasileiros movimentavam dinheiro à revelia dos aplicadores. Em tese, poderiam abrir contas em nome de terceiros sem autorização.Ao Ministério Público, Rosseti alegou não ter encontrado outro crime senão o de calúnia, no caso de Dantas. Ele teria até pensado em usar a Lei de Segurança Nacional, por causa do envolvimento do nome do presidente Lula, mas achou que isso iria reforçar uma das teses de defesa usadas por Dantas, sobretudo em processos respondidos por ele no exterior: o de perseguição política por parte do governo brasileiro. Com certa freqüência, afirma ter sido extorquido em 50 milhões de dólares, em 2003, pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Assim como até agora não provou ter pago nada ao PT, Dantas também não conseguiu se livrar da acusação de ter montado o dossiê.
Nem poderia. Além da confirmação obtida pela PF dos encontros do banqueiro com os repórteres de Veja, sobram provas da ligação de Dantas com Holder. Na edição 394, de 24 de maio de 2006, CartaCapital publicou um extrato de pagamentos no valor de 838 mil dólares ao ex-agente da CIA feitos pela Brasil Telecom em períodos em que a operadora era controlada por DD. O extrato integra o relatório de auditoria realizado após o Citibank e os fundos de pensão, principais acionistas, terem conseguido retomar o controle da empresa. Segundo os auditores, não foram encontradas comprovações dos serviços prestados por Holder à operadora de telefonia. A PF acredita em dois motivos principais para o crime. DD queria se vingar de Bastos e Lacerda, por conta da Operação Chacal. A investigação, realizada em outubro de 2004, resultou em uma devassa na contabilidade do Opportunity e na apreensão do disco rígido do computador central do banco. Em 2006, depois de a ministra Ellen Gracie, do Supremo, tê-lo mantido sob sigilo por dois anos, foi dada autorização da análise do conteúdo do hard disk (HD), com algumas limitações. O HD será analisado pela 5ª Vara de Justiça Federal de São Paulo, onde tramita uma ação contra o banqueiro e diretores da Kroll em decorrência da arapongagem, em 2002, de desafetos e concorrentes do dono do Opportunity. Na denúncia do MPF, Dantas é apontado como “chefe de uma quadrilha internacional de espionagem”.As outras autoridades teriam sido incluídas no dossiê porque DD pretendia pressioná-las. À época, o Opportunity disputava o controle da Brasil Telecom com o Citibank, a Telecom Italia e os fundos. Durante a investigação, Rosseti recebeu cópias de extratos de teleconferências e e-mails trocados na Brasil Telecom, quando Dantas estava no comando. Neles, o banqueiro trata com Holder do monitoramento de autoridades no Brasil. Coincidentemente, as mesmas relacionadas, depois, no dossiê, como detentoras de contas no exterior. Rosseti ouviu o banqueiro no Rio de Janeiro. DD afirmou ter tomado conhecimento das tais contas durante uma reunião nos Estados Unidos entre diretores do Opportunity e da Kroll. Em seguida, diz ter contado a história para os repórteres de Veja em um encontro em setembro de 2005. Os jornalistas Márcio Aith e Mário Sabino foram ouvidos formalmente pelo delegado e confirmaram a história. A Rosseti, disseram ter recebido a lista das contas, primeiro, por fax. Depois, em um envelope entregue à Editora Abril por Holder. Este último, embora indiciado, jamais foi encontrado pela PF, desde o início das investigações. O delegado pediu, inclusive, auxílio ao FBI (a polícia federal americana), sem sucesso.A participação de Holder e da Kroll Associated, empresa veterana em escândalos de arapongagem ilegal no Brasil, é outro ponto pouco esclarecido pela investigação. Formalmente, a Kroll nega qualquer participação no caso do dossiê falso e imputa toda a responsabilidade a Holder, fora da firma, segundo informação passada à PF, desde dezembro de 2004. A empresa abriu um processo contra o ex-funcionário nos Estados Unidos dois dias depois da publicação da história do dossiê, em clara estratégia de salvaguarda. Alegou descumprimento, por parte do ex-agente da CIA, dos deveres de consultor. No processo, Holder aparece, porém, como formalmente contratado pela Kroll até 28 de janeiro de 2005.Ocorre que, três dias depois, 1º de fevereiro de 2005, Holder fechou um contrato de consultoria independente com a Kroll para prestar serviços, justamente, à BrT, então sob a gestão de Dantas. Na ação de maio de 2006, impetrada em Nova York, a Kroll acusa Frank Holder de ter acertado com a Brasil Telecom um contrato paralelo para serviços de investigação. Agora se sabe o teor da consultoria e quem, de fato, pagou pelo serviço, embora tudo tenha acabado em um simples processo de calúnia. Há chances incalculáveis de Dantas se safar desta. Como de costume. Estamos no Brasil.

20 de dezembro de 2007

A legitimidade da greve de fome do Bispo que jejua por nós




Dom Luiz Cappio mantém, com valentia admirável, a greve de fome exigindo do governo Lula a suspensão das obras de transposição do rio São Francisco. Sua luta merece o apoio de todos.
A transposição é um projeto mais do que controverso: já são muito consistentes as críticas que asseguram que os bilhões de reais não serão suficientes para garantir a acessibilidade à água potável. São interesses empresariais que se escondem por trás do discurso de ?levar água a quem tem sede?. Mas há uma outra dimensão na greve de fome de D.Cappio. A legitimidade da greve de fome como forma de luta foi colocada em cheque pelas forças que apóiam o governo, em primeiríssimo lugar, pelos dirigentes do PT, que mobilizaram Patrus Ananias, militante católico, para acusar D. Cappio de extremista e radical. Esta acusação não é inocente. Tem como objetivo diminuir a simpatia social, reduzir a audiência política e isolar a repercussão internacional da greve de fome. As greves de fome foram no século XX, em todos os continentes, uma das formas da luta defensiva por direitos democráticos elementares. Sua legitimidade, histórica e politicamente, é irrefutável. Ganhou destaque mundial a partir das greves de fome de Gandhi contra a opressão colonial inglesa na Índia antes da independência, inserida em uma estratégia de desobediência civil. Na Bolívia, por exemplo, há uma longa tradição de greves de fome, e uma delas incendiou o país e culminou em uma greve geral que derrubou a ditadura Banzer em 1978. Ainda em 1978, mas no México, 84 mulheres e quatro homens iniciaram um jejum na Catedral para exigir a liberdade de 1500 presos. Sua ação obteve a primeira anistia política. Por último, no Brasil, em 1978 também, quase duas dezenas de militantes da recém constituída Convergência Socialista fizeram uma greve de fome na PUC/SP quando todo o Comitê Central ? com a exceção de três membros ? foi preso em Agosto, junto com Nahuel Moreno. Impediram a deportação do líder argentino para Buenos Aires, onde uma morte quase certa o esperava. Na Irlanda, em 1981, líderes presos do IRA fizeram greves de fome que culminaram com o sacrifício da vida de Bobby Sands, que exigia o reconhecimento do estatuto de preso político. No Chile, presos Mapuche fizeram uma greve de fome há poucos meses. Greves de fome comovem a sociedade porque expõem a disposição ao sacrifício terminal por uma causa. Os inimigos das lutas populares as denunciam como um gesto radical, ou messiânico ou milenarista. É verdade que, na luta contra a exploração, as massas populares mais de uma vez deixaram-se seduzir por discursos milenaristas ? a escatologia de futurismos que prevêem um esgotamento ?natural? da ordem do mundo ? ou messiânicos ? a redenção de uma vida de sofrimento por um agente salvador ?, que ressoam suas aspirações de justiça. São ilusões de que o mundo poderia mudar para melhor sem luta, ou sem maiores riscos. A linguagem mística, porém, não deveria desviar nossa atenção. A vida material das massas populares ao longo da história remete à imagem do vale de lágrimas. Quem vive sob a exploração precisa acreditar que é possível transformar o mundo ou, pelo menos, que haverá recompensa e punição em outra vida, e tem boas razões para desejá-lo. A esperança em uma mudança iminente, ou a fé na força de uma liderança salvadora, respondem a uma intensa necessidade subjetiva ? os céticos asseverariam, um consolo ?, mas também a uma experiência. Os que vivem do trabalho sempre foram a maioria. Os explorados sabem que sempre serão a maioria, enquanto houver exploração. É dessa experiência que se renova a esperança de que podem mudar suas vidas. Todas as classes dominantes foram hostis a doutrinas utópicas que previam a subversão da ordem, e combateram sem hesitação movimentos de massas que abraçaram o prognóstico ? ou a profecia ? de um iminente desmoronamento do poder constituído. O povo expressa-se no vocabulário que tem disponível, e crenças revolucionárias, quando conquistam as vozes das ruas, podem assumir uma dicção religiosa. São os despossuídos, os oprimidos e os radicais políticos que se comovem com a perspectiva de que é possível mudar o mundo. Os reacionários de todos os tempos sempre insistiram em desqualificar as utopias como teorias e projetos desvairados inspirados por fanáticos e birutas. Não se deve, contudo, exagerar estabelecendo uma equação simples entre crenças milenaristas e movimentos igualitaristas. Os movimentos operários e sindicais modernos foram, na maioria dos países, essencialmente laicos e uma das mais importantes expressões sociais da secularização das sociedades urbanizadas e industrializadas. Tanto reformistas quanto revolucionários lutaram por um programa de reivindicações imediatas que atendiam às necessidades concretas dos trabalhadores. A diferença entre eles não era a recusa dos radicais à luta por reformas, mas a recusa dos moderados em assumir um programa anticapitalista. A dimensão utópica da idéia socialista ? a promessa de uma sociedade sem classes, ou seja, a aposta na liberdade humana ? teve e tem seu lugar na exaltação ideológica. Os sonhos alimentam a luta por um mundo melhor. O sonho de uma nova sociedade que garantiria direitos e deveres iguais é necessário. Igualdade social e liberdade humana permanecem sendo as aspirações civilizatórias mais elevadas da época que nos tocou viver. O movimento social proletário foi, porém, fundamentalmente um projeto político e, como todo movimento político, colocou-se objetivos ? como a defesa de direitos em situações defensivas, e a conquista do poder em situações revolucionárias ? que pudessem ser alcançados por seus militantes enquanto estivessem vivos. Não há, entretanto, por que ser condescendente: a relação entre miséria extrema, desespero social, pobreza cultural e anseios apocalípticos foi historicamente anterior à influência do marxismo nas classes populares, mas nunca deixou de existir e exerceu influência sobre os marxistas. São poderosas as pressões de inércia social e cultural que aprisionam as amplas massas trabalhadoras, urbanas ou rurais, na sonolência, na apatia ou na submissão, mas em situações revolucionárias precisam medir forças com pressões ainda mais fortes. Não há força social mais poderosa na história do que a revolta popular quando se organiza e mobiliza. O medo de que a mudança não chegue nunca ? que, entre os trabalhadores, é desencorajado pelo temor às represálias ? precisa encarar medos ainda maiores: o desespero das classes proprietárias de perder tudo. No calor de processos revolucionários, a descrença dos trabalhadores em suas próprias forças, a incredulidade em seus sonhos igualitaristas, foram superadas pela esperança de liberdade, um sentimento moral e um anseio político, mais elevado que a mesquinhez reacionária e a avareza burguesa. O lugar dos socialistas é, portanto, ao lado de D. Luiz Cappio. A grandeza do seu sacrifício deve servir para levantar para a luta todos nós.
Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis

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Analisaremos o conteúdo e postaremos conforme aprovada pelo conselho de redação.


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