Entender a mobilização que ressurge hoje na PUC-SP com esta ocupação é saber que a universidade passa por um processo de readequação financeira e acadêmica desencadeado no fim do ano de 2005, com a intervenção da Cúria Metropolitana de São Paulo através da mantenedora da instituição, a Fundação São Paulo, em parceria com a atual gestão da Reitoria, encabeçada pela reitora Maura Véras.
Naquele momento, o grupo gestor alardeou para todo o país a existência de “uma grande crise” que necessitaria de “grandes esforços de toda a comunidade da PUC-SP”. Contratos docentes foram maximizados – algo que seria temporário mas, há poucos dias, foi prorrogado pelo Conselho Universitário – e cortes de despesa com estrutura foram aplicados. Isso não foi o bastante, era preciso “enxugar” a folha de pagamento. No início de 2006, a Reitoria da PUC-SP, munida de extrema falta de delicadeza e tato político, desfilou pelos corredores da universidade com o grande abre-alas desse processo: a demissão conjunta de quase mil trabalhadores, dentre professores e funcionários. Medida que na época gerou grande mobilização estudantil: assembléias e atos gigantescos, o “cadeiraço” e a greve.
De lá para cá, o processo de readequação financeira e acadêmica da universidade vem avançando a passos largos. A política filantrópica sofreu alterações, o formato dos cursos sofreu alterações – por meio das reformas curriculares 2006/2007 – e até mesmo o caráter de “universidade democrática e politizada” vem sendo enterrado: não é raro deparar-se com a ação dos seguranças terceirizados ao mínimo sinal de agitação política no campus.
Bem, mas afinal, o que este “Redesenho Institucional” tem a ver com tudo isso? Todo este processo de readequação que estamos presenciando desde 2005 precisa agora ser sacramentado e aprofundado. Este é o papel do Redesenho. Em linhas gerais ele visa promover uma grande reestruturação na universidade para que todas essas alterações já concluídas ou em andamento sejam institucionalizadas. Para além, propõe um novo projeto de universidade, prevendo uma reorganização dos Centros, Faculdades e Departamentos que torna ainda mais centralizado o poder na PUC-SP. O Redesenho visa também uma grande mudança em nosso Estatuto, alterando, dentre outros pontos, a representatividade nos conselhos superiores e das unidades.
É curioso observar também que este Redesenho aparece em meio a um cenário de profundas mudanças no ensino superior brasileiro. Ou seja, é preciso notar em que contexto surge tal reestruturação. A mudança que desejam efetuar está intrinsecamente ligada ao novo modelo de Universidade que vem sendo projetado nacionalmente: voltado única e exclusivamente ao mercado, sem levar em conta muitas demandas da sociedade. Prova disso está no fato deste Redesenho ser claramente inspirado no Reuni, projeto de redesenho pautado pelo governo federal para as universidades federais, e que vem sendo foco de grandes protestos e ocupações em diversas instituições de ensino do país.
Tudo bem. Mas isso tudo pode ser bom, não pode? Por que Ocupar? Logicamente, os pontos de vista nunca são iguais. Sempre existirão aqueles que vêem de forma positiva os contornos dessa mudança. Apesar de tudo, o que nos traz hoje a esta ocupação não é uma mera questão de ponto de vista.
Pensemos em tudo o que está em jogo neste processo: mudança do estatuto, da organização das unidades que compõem a universidade, da representatividade nos conselho, enfim, muitas mudanças que alterarão o destino de todos nós, certo? Pois bem. Em nenhum momento foi aberto um espaço em que toda comunidade pudesse pautar as mudanças que sentem como realmente necessárias.
Notemos que este processo de Redesenho, que já estava definido em dezembro de 2006 e, antes dessa data, já vinha sendo debatido nos altos escalões da universidade, apenas começou a ser parcamente divulgado em maio deste ano. Com muito custo os Centros Acadêmicos da PUC-SP conseguiram a realização de uma audiência pública para se debater o processo. Evento que apenas foi realizado pela Comissão de Redesenho Institucional (Cori) – que é composta por representantes do Consun, com especial peso daqueles envolvidos com a burocracia acadêmica – QUATRO MESES DEPOIS das manifestações dos CAs e associações de professores e funcionários e, curiosamente, A UM MÊS da reunião do Consun que deliberará qual proposta de redesenho será aplicada em nossa universidade.
Muito foi feito para que pudéssemos ser ouvidos. Prova disso foram as duas reuniões entre CAs e Reitoria em junho deste ano, durante as quais fomos insistentes no pedido de um processo amplo e democrático para a participação de toda a comunidade neste processo. Insistentes também fomos ao longo de todo o ano de 2006 e 2007 com os pedidos de ampliação do número de bolsas e rematrícula dos inadimplentes. Tudo devidamente registrado pelos jornais existentes na universidade, disponíveis a todo qualquer farsante de plantão.
Durante estes últimos dois anos fomos completamente ignorados. Enfim, chega o momento em que os ignorados se fazem imprescindíveis para o funcionamento da universidade. A despeito dos ditos que bradam enfurecidos todos os detentores de poder em nossa sociedade, como se fossem leis, ocupar uma Reitoria é um processo legítimo de manifestação que se faz presente quando todas as outras alternativas possíveis estão esgotadas. Saibamos que a lei é passível de interpretação. Saibamos todos analisar os acontecimentos libertos dos filtros impostos pela grande mídia. Saibamos que não podemos mais ser ignorados.
Naquele momento, o grupo gestor alardeou para todo o país a existência de “uma grande crise” que necessitaria de “grandes esforços de toda a comunidade da PUC-SP”. Contratos docentes foram maximizados – algo que seria temporário mas, há poucos dias, foi prorrogado pelo Conselho Universitário – e cortes de despesa com estrutura foram aplicados. Isso não foi o bastante, era preciso “enxugar” a folha de pagamento. No início de 2006, a Reitoria da PUC-SP, munida de extrema falta de delicadeza e tato político, desfilou pelos corredores da universidade com o grande abre-alas desse processo: a demissão conjunta de quase mil trabalhadores, dentre professores e funcionários. Medida que na época gerou grande mobilização estudantil: assembléias e atos gigantescos, o “cadeiraço” e a greve.
De lá para cá, o processo de readequação financeira e acadêmica da universidade vem avançando a passos largos. A política filantrópica sofreu alterações, o formato dos cursos sofreu alterações – por meio das reformas curriculares 2006/2007 – e até mesmo o caráter de “universidade democrática e politizada” vem sendo enterrado: não é raro deparar-se com a ação dos seguranças terceirizados ao mínimo sinal de agitação política no campus.
Bem, mas afinal, o que este “Redesenho Institucional” tem a ver com tudo isso? Todo este processo de readequação que estamos presenciando desde 2005 precisa agora ser sacramentado e aprofundado. Este é o papel do Redesenho. Em linhas gerais ele visa promover uma grande reestruturação na universidade para que todas essas alterações já concluídas ou em andamento sejam institucionalizadas. Para além, propõe um novo projeto de universidade, prevendo uma reorganização dos Centros, Faculdades e Departamentos que torna ainda mais centralizado o poder na PUC-SP. O Redesenho visa também uma grande mudança em nosso Estatuto, alterando, dentre outros pontos, a representatividade nos conselhos superiores e das unidades.
É curioso observar também que este Redesenho aparece em meio a um cenário de profundas mudanças no ensino superior brasileiro. Ou seja, é preciso notar em que contexto surge tal reestruturação. A mudança que desejam efetuar está intrinsecamente ligada ao novo modelo de Universidade que vem sendo projetado nacionalmente: voltado única e exclusivamente ao mercado, sem levar em conta muitas demandas da sociedade. Prova disso está no fato deste Redesenho ser claramente inspirado no Reuni, projeto de redesenho pautado pelo governo federal para as universidades federais, e que vem sendo foco de grandes protestos e ocupações em diversas instituições de ensino do país.
Tudo bem. Mas isso tudo pode ser bom, não pode? Por que Ocupar? Logicamente, os pontos de vista nunca são iguais. Sempre existirão aqueles que vêem de forma positiva os contornos dessa mudança. Apesar de tudo, o que nos traz hoje a esta ocupação não é uma mera questão de ponto de vista.
Pensemos em tudo o que está em jogo neste processo: mudança do estatuto, da organização das unidades que compõem a universidade, da representatividade nos conselho, enfim, muitas mudanças que alterarão o destino de todos nós, certo? Pois bem. Em nenhum momento foi aberto um espaço em que toda comunidade pudesse pautar as mudanças que sentem como realmente necessárias.
Notemos que este processo de Redesenho, que já estava definido em dezembro de 2006 e, antes dessa data, já vinha sendo debatido nos altos escalões da universidade, apenas começou a ser parcamente divulgado em maio deste ano. Com muito custo os Centros Acadêmicos da PUC-SP conseguiram a realização de uma audiência pública para se debater o processo. Evento que apenas foi realizado pela Comissão de Redesenho Institucional (Cori) – que é composta por representantes do Consun, com especial peso daqueles envolvidos com a burocracia acadêmica – QUATRO MESES DEPOIS das manifestações dos CAs e associações de professores e funcionários e, curiosamente, A UM MÊS da reunião do Consun que deliberará qual proposta de redesenho será aplicada em nossa universidade.
Muito foi feito para que pudéssemos ser ouvidos. Prova disso foram as duas reuniões entre CAs e Reitoria em junho deste ano, durante as quais fomos insistentes no pedido de um processo amplo e democrático para a participação de toda a comunidade neste processo. Insistentes também fomos ao longo de todo o ano de 2006 e 2007 com os pedidos de ampliação do número de bolsas e rematrícula dos inadimplentes. Tudo devidamente registrado pelos jornais existentes na universidade, disponíveis a todo qualquer farsante de plantão.
Durante estes últimos dois anos fomos completamente ignorados. Enfim, chega o momento em que os ignorados se fazem imprescindíveis para o funcionamento da universidade. A despeito dos ditos que bradam enfurecidos todos os detentores de poder em nossa sociedade, como se fossem leis, ocupar uma Reitoria é um processo legítimo de manifestação que se faz presente quando todas as outras alternativas possíveis estão esgotadas. Saibamos que a lei é passível de interpretação. Saibamos todos analisar os acontecimentos libertos dos filtros impostos pela grande mídia. Saibamos que não podemos mais ser ignorados.
saiba mais atravez: http://ocupapuc.wordpress.com/
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