17 de junho de 2008

É tempo de ir ao Encontro!


Após realização do Plebiscito Nacional sobre o REUNI, é hora de ir ao Encontro Nacional para organizar as lutas e discutir os rumos do movimento estudantil
Leandro Soto, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
No dia 2 de julho centenas de estudantes irão se reunir em Betim (MG), para a realização de um grande Encontro Nacional de Estudantes. O Encontro está sendo organizado por uma comissão aberta e é convocado por importantes entidades de todo o país, como os DCEs da UFRJ, UFMG, UFSC, UFJF, UNESP e a Executiva Nacional de Estudantes de Letras. A expectativa é reunir mais de mil estudantes e dezenas de entidades.
A necessidade do Encontro surgiu a partir de lutas realizadas desde a ocupação da reitoria da USP e que continuam ocorrendo, como demonstrou a ocupação da UnB.
É no calor dessas lutas que está surgindo um novo movimento estudantil. E é da necessidade de organizar esse novo movimento estudantil nacionalmente que surgiu a idéia de organizarmos um encontro. Um evento que possa organizar a luta e avançar na construção do novo.
O novo movimento estudantil precisa de um instrumento de luta
A União Nacional dos Estudantes, longe de ser um instrumento para organizar estas lutas, se transformou num cão de guarda das políticas do governo. Por isso, é necessário avançar na construção de uma ferramenta capaz de organizar de maneira democrática, anti-burocrática e pela base os estudantes.
A Frente de Luta buscava cumprir este papel de avançar na organização das lutas. Entretanto, ela tem demonstrado suas limitações. O uso do consenso para a prática do veto pelas correntes e a sua falta de organicidade impediram, por exemplo, que a Frente organizasse o Plebiscito ou mesmo uma jornada nacional alternativa a da UNE, nos 40 anos da morte de Edson Luís. Está claro que, para que a Frente cumpra seu papel, ela precisa avançar, tornando-se uma alternativa de luta à UNE.
Infelizmente, nem todos participantes da Frente tem essa opinião. Alguns, como setores da esquerda da UNE, consideram que o movimento estudantil não precisa construir uma alternativa a entidade governista. Conclui, então, que a Frente tem que ficar como está.
Por isso se recusaram a organizar uma jornada nacional da Frente. Ao invés disso, propuseram que a Frente participasse da jornada da UNE. Por isso, estes setores foram contra o Plebiscito Nacional sobre o REUNI, desarmando a Frente na luta contra o ataque do projeto. E também é por isso que esses grupos esvaziam a Frente. A última reunião nacional da Frente, por exemplo, não ocorreu porque o DCE da USP, responsável pela sua convocação, simplesmente não a fez. Vale lembrar que este DCE até agora não convocou uma única reunião da Frente de Luta na USP.
Mas por que estes setores estão desmontando a Frente? Por que eles não querem que ela avance? Porque sabem que se a Frente avança, se ela se torna mais orgânica, constrói campanhas como a do plebiscito, junto aos CA’s DCEs, etc, ela pode avançar e se tornar uma alternativa a UNE. Não necessariamente uma nova entidade, mas um ponto de apoio importante para luta.
Consideramos a postura destes companheiros profundamente equivocada. Entretanto, achamos fundamental seguir construindo a Frente com todos. Vamos continuar organizando as reuniões nacionais e os comitês de base, propondo campanhas e ações e vamos construir a unidade na luta sempre que os companheiros estejam dispostos. Ao contrário destes setores temos a consciência tranqüila de estar depositando todos os nossos esforços na construção da Frente. Vamos seguir assim.
Organizar as lutas e avançar no novo
Por outro lado, não podemos esperar a vida inteira pelos companheiros da esquerda da UNE para construir uma alternativa à UNE. O ideal é que a Frente se torne, gradativamente, esta alternativa. Mas isso não vai acontecer, porque estes companheiros não vão permitir.
Diante deste fato, acreditamos ser fundamental que os lutadores que querem construir uma alternativa a UNE avancem neste debate. Não apenas em reuniões nacionais, mas também na base do movimento. Opinamos que esse processo deva culminar em um congresso democrático e de base que aprove a construção de uma nova entidade. Mas para nós, o fundamental é que a discussão e o debate sejam realizados. Por isso, achamos prematuro que o Encontro Nacional aprove uma nova entidade ou algo neste sentido. O fundamental é que o Encontro seja mais um espaço para organizar as lutas e acumular no debate da reorganização. Antes, durante ou depois do Encontro esse debate deve avançar entre os estudantes e suas entidades.
Não se trata de definir já uma nova entidade ou algo do tipo, mas sim que passos podemos dar para avançar na organização de uma alternativa. Discutir como ela deve funcionar como podemos levar isso para as entidades, assembléias e encontros de área. Em outras palavras, como começar a organizar o novo movimento estudantil e suas lutas nacionalmente São essas questões que o Encontro se esforçará para começar a responder.
Um Plebiscito que concretizou as tarefas da Frente
Na última semana de maio e primeira de junho foi realizado o Plebiscito Nacional sobre o REUNI. O Plebiscito foi uma iniciativa aprovada em vários DCEs como o da UFRGS, UFRJ, UnB, UFMG, UFPR e etc. Infelizmente a Frente de Luta não organizou o Plebiscito, pois a maioria da esquerda da UNE não queria realizá-lo. Apesar disso, o Plebiscito cumpriu um importante papel em concretizar as tarefas da Frente para o próximo período, dialogando com milhares de estudantes e fortalecendo o apoio para as campanhas contra o REUNI, a ausência de democracia na universidade e as fundações estatais de direito privado. Ainda não chegaram todos os informes com resultados, mas os votos passam de 30 mil. Certamente, o Plebiscito vai ajudar nas lutas que temos pela frente. E poderia ter cumprido um papel superior se os companheiros da esquerda da UNE não o boicotassem.

7ª Jornada de AGROECOLOGIA

Cuidando da Terra, Cultivando Biodiversidade,

Colhendo Soberania Alimentar

Terra Livre de Transgênicos e sem Agrotóxicos

Construindo o Projeto Popular e Soberano para a Agricultura

23 a 26 de julho de 2008 - UNIOESTE - Cascavel – Paraná - Brasil


O PROCESSO DE PREPARAÇÃO

DA 7ª JORNADA DE AGROECOLOGIA

  1. Para: MST, MPA, MAB, MMC, CPT, ELAA, IEEP, FEAB, Articulação Puxirão dos Povos e comunidades Tradicionais, CIMI, Terra de Direitos, Acampamento Terra Livre, Assesoar, ABEEF, CAPA, AOPA, outros.

  1. Ver a programação em anexo.
  2. Objetivos da Jornada:
    1. As Jornadas fazem parte de um processo de luta permanente, contra o projeto das empresas transnacionais do Agronegócio;
    2. É um processo de construção do Projeto Popular e Soberano para a agricultura brasileira;
    3. É uma jornada de estudo, de formação, de análise, de troca de experiências, de intercâmbio para a militância e para as famílias que vivem, trabalham e lutam no campo.
    4. É um espaço de divulgação, de fazer propaganda no meio da população, de tudo o que estamos fazendo e construindo em torno do nosso projeto;
    5. É um momento de buscar apoio, fazer alianças envolvendo o conjunto dos movimentos, organizações, forças sociais e políticas do meio rural e da cidade, na construção de um projeto popular para o Brasil.
As metas de participação por organização:
  1. Cada organização articule a quantidade de ônibus que necessitem de acordo com o número de famílias, capacidade organizativa, decisão política;
  2. Ajudar na articulação de 1 ônibus com as organizações que compõem a Via Campesina e com amigos e apoios urbanos (professores, estudantes, pastorais, etc...)
  3. OBS.: Estamos articulando recursos para o transporte, mas cabe a cada organização também articular recursos para transporte via os municípios.
A preparação das oficinas e trocas de experiências:
  1. Cada organização, cada escola de formação preparem uma troca de experiência-oficina que expresse as iniciativas em relação a matriz agroecológica na agricultura, na educação, na formação, na cultura, etc. (preencher a ficha em anexo)
  2. Essa troca de experiência será repetida 2 a 3 vezes durante a Jornada.
A feira permanente dos produtos agroecológicos da reforma agrária e da agricultura camponesa na entrada central do campus UNIOESTE.
  1. Será montado um grande circo ( 600 m ) para exposição, troca, cooperação, vendas, comercializaçã o de todos os tipos de produtos oriundos da reforma agrária e agricultura camponesa;
  2. Preparem-se para trocar... comercializar. .. fazer propaganda.. . fazer negócios... fazer política.
A mística das trocas, cooperação e solidariedade entre a comunidade camponesa:
  1. Vejam na programação, que no último dia, está planejado organizarmos o ATO PELA BIODIVERSIDADE, com trocas de sementes, mudas, etc, entre todos os participantes da jornada;
  2. Para que isso aconteça na prática precisamos garantir:

i. Que cada participante, através de sua organização, deverá trazer até 3 kg de sementes crioulas de grãos, de adubação verde, de hortaliças, de melancia, melão, abóbora, flores, pastagens, árvores frutíferas, mudas, etc.

ii. A direção de cada movimento é responsável para recolher esses produtos e entregar na secretaria da jornada no momento de fazer o credenciamento dos participantes da jornada e receber o kit de materiais.

  1. Ver em anexo a ficha de inscrição para as trocas de experiências- oficinas.
  2. Ver em anexo as equipes de trabalho da Jornada.

FORA SYNGENTA!

GLOBALIZEMOS A LUTA, GLOBALIZEMOS A ESPERANÇA!

Coordenação da 7ª Jornada de Agroecologia

Jakeline

Telefone: 41 9676 5239

e-mail: viacampesinapr@ gmail.com





Mário Júnior
Coletivo Liberdade Socialista - PSOL
Coordenação Nacional de Lutas Sociais - CONLUTAS

Convocatória ao Encontro Nacional de Estudantes

Convocatória ao Encontro Nacional de Estudantes

Desde o ano passado o movimento estudantil brasileiro atingiu um outro patamar. A partir da Ocupação da Reitoria da Usp, o que vemos é uma disposição enorme dos estudantes responderem com mobilização e luta a todos os ataques que o governo Lula, os governos estaduais e as reitorias realizam sobre a Educação Pública. Com a Ocupação da Reitoria da UnB, e outras mobilizações que seguem ocorrendo, vemos que 2007 não foi um raio em um céu azul, mas sim a abertura de um novo momento para o movimento estudantil. Momento este que temos que potencializar para derrotarmos o REUNI, o decreto dos IFETs, a Reforma Universitária, as Fundações Privadas e a falta de democracia nas universidades e escolas.

É também um importante momento para avançarmos na discussão de um projeto de Universidade construído a partir do movimento estudantil, em aliança com o movimento docente e de servidores. Este exercício é fundamental para nos contrapormos pela positiva aos projetos que o governo quer impor nas universidades e escolas.

É fundamental também que avancemos na unificação das lutas que se iniciaram em 2007 e debatamos a reorganização que vive o movimento estudantil. É por isso que convocamos a realização de um Encontro Nacional de Estudantes no dia 2 de julho, na UFMG.


Procure seu CA, DA, DCE, e venha construir conosco esse Encontro!


Assinam esta convocatória:

Executiva Nacional dos Estudantes de Letras - ExNEL

DCE da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

DCE da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

DCE da Universidade do Estado de São Paulo - UNESP

DCE da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF

DCE da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

DCE da Universidade Estadual de Maringá - UEM

Relatórios da Casa Branca revelam compromissos de Lula com os EUA


Em reuniões, Lula promete que não ?haverá surpresas? em seu governo e José Dirceu garante que tem a Bolívia ?sob controle?

Que Lula desempenha o papel de ?bombeiro? da América Latina, não é novidade. Desde sua posse, em 2003, vem sendo uma espécie de apaziguador nos principais conflitos da região, apoiado em sua trajetória de esquerda. O fato novo é a comprovação, via documentos dos próprios Estados Unidos, da ajuda que Lula ofereceu ao imperialismo.

O jornal Valor Econômico divulgou documentos (leia no final da matéria) com transcrições de conversas de representantes brasileiros, principalmente o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, com George W. Bush, John Snow, Condoleezza Rice e outros figurões norte-americanos. José Dirceu transmitiu, segundo o jornal, a mensagem de Lula aos EUA, até sair do governo por envolvimento no escândalo do ?mensalão?.

Dirceu informou a Condoleezza, numa longa reunião no dia 3 de maio de 2005, que Lula já estava ?aconselhando? Hugo Chávez a moderar seu discurso. Quanto a Evo Morales, que era ainda pré-candidato à presidência da Bolívia, Dirceu afirmou que ?o Brasil tinha a situação sob controle?. A preocupação do imperialismo com a Bolívia está no fato de que o país, rico em recursos naturais, tem uma história de lutas e revoluções, que derrubaram governos.

Lula não mediu esforços para se demonstrar confiável. O relatório de uma reunião com John Snow, em 2004, ressalta que ?Lula disse que o Brasil está seguindo a política externa mais agressiva de sua história (citando a decisão de enviar tropas para o Haiti)?.

?Sem surpresas?
As conversas com os Estados Unidos começaram antes mesmo da posse de Lula.
Ainda durante a campanha eleitoral, em 2002, Lula manteve negociações com Donna Hrinak, então embaixadora dos estados Unidos no Brasil. Em busca de confiança do imperialismo e dos investidores estrangeiros, Lula procurou mostrar que iria manter a política conservadora de Fernando Henrique, sem rupturas. Segundo suas próprias palavras, sem ?nenhuma surpresa?. Essa demonstração de que nada iria mudar ficou explícita na famosa ?Carta aos Brasileiros?.

Segundo o Valor, o presidente brasileiro disse à embaixadora que ?o Banco Central teria mais autonomia em seu governo do que ele admitia em público, uma das exigências dos organismos internacionais, como o FMI. A confirmação veio com a nomeação do banqueiro Henrique Meireles para a presidência do BC. Ao dar um retorno ao governo norte-americano sobre a conversa, Donna tranqüilizou os EUA, dizendo que ?a prova mais difícil para Lula será manter na linha os doutrinários do próprio PT. Ele dá mostras de estar pronto para fazer isso, e sua vitória eleitoral arrasadora pode tornar isso possível politicamente?.

O mesmo relatório mostra que Donna acalmou Bush. ?Lula salientou, repetidamente, que queria trabalhar com os Estados Unidos em geral e na Alca?, afirmou. A Alca, graças em boa medida à forte mobilização dos movimentos sociais, não teve forças para ser aplicada até hoje. Lula não deixou, contudo, de entregar o país à exploração estrangeira, através de acordos econômicos, da presença das multinacionais e da produção agrícola para a exportação.

Em dezembro de 2002, Lula foi recebido pessoalmente por Bush na Casa Branca, um privilégio concedido apenas a chefes de Estado em exercício. Não era uma questão menor que os Estados Unidos prestassem muita atenção à eleição de Lula. Era necessário o apoio dos petistas para manter o controle das massas e impedir que convulsões sociais e revoluções se alastrassem.

Acalmar o continente
Apenas um ano antes da eleição de Lula, a Argentina, considerada um modelo das políticas neoliberais, desabara e três presidentes foram derrubados. Infelizmente, por falta de uma alternativa revolucionária e da unidade dos lutadores, os trabalhadores não tomaram o poder em suas mãos e a revolta foi conduzida para as eleições. Com um discurso de esquerda, Nestor Kirchner foi eleito presidente.

Não era apenas na Argentina que as condições de vida impostas pelas políticas neoliberais se tornavam insuportáveis e o antiimperialismo avançou nas massas latino-americanas. Em 2003, na Bolívia, uma crise aberta em função da exploração das riquezas do país ? gás e petróleo ? levou os mineiros às ruas, trazendo atrás de si todo o povo pobre e os povos indígenas. Os protestos derrubaram o presidente Sánchez de Lozada. Evo Morales apresentou-se como a principal figura dirigente do movimento, o que permitiu sua chegada à presidência, em 2006.

No Equador, em 2005, a população derrubou presidente Lucio Gutierrez. Escorraçado pelas massas equatorianas, Gutierrez recebeu o asilo político no Brasil. Ele foi recebido pessoalmente por Lula. Assumiria a presidência, em seguida, mais um presidente ?de esquerda?, Rafael Correa.

Não tendo uma opção nitidamente da classe trabalhadora, o povo começou a levar ao poder governos aparentemente de esquerda, como Kirchner, Evo e Correa, acreditando que esses poderiam mudar suas vidas. Se, por um lado, as revoluções foram contidas, por outro, os governos eleitos não eram os dos sonhos dos EUA. Era urgente manter os trabalhadores desses países sob controle. Para isso, Lula chegou num momento crucial.

?Transição gradual? em Cuba
Quanto a Cuba, na conversa com Condoleezza, em 2005, Dirceu afirmou que ?tem laços pessoais muito estreitos com Cuba e Fidel Castro?. Fazendo um prognóstico do que aconteceria com a ilha, Dirceu disse que ?as mudanças em Cuba serão promovidas por mais comércio, investimentos, remessas e visitantes de fora. Primeiro, as mudanças serão culturais. Depois, elas irão se espalhar para as esferas social e econômica. Quando o sistema econômico de Cuba finalmente se abrir, então o sistema político acompanhará. Não haverá nenhuma revolução ou levante; vai ser mais uma transição gradual?.

Assegurou, ainda, que ?tanto ele quanto o presidente Lula tiveram conversas particulares com Castro e que ministros do governo também estão envolvidos?. Esse é o caminho que Cuba seguiu. Fidel Castro deixou o governo após décadas e assumiu seu irmão, Raúl Castro, um dos principais responsáveis pela restauração do capitalismo na ilha.

Venezuela, um capítulo a parte
A preocupação de Bush não era Fidel e sim Hugo Chávez, um homem de discursos inflamados contra o imperialismo ?diabólico? norte-americano, apesar de não romper de fato com o imperialismo e as multinacionais e seguir pagando a dívida externa. Ganhou amplo apoio das massas trabalhadoras da Venezuela ao sofrer uma tentativa de golpe, apoiada pelos EUA, em 2002, e tornou-se uma referência no continente.

Esta seria a principal tarefa de Lula: conter a influência Chávez. Em março de 2005, Condoleezza Rice, em reunião com Dirceu, disse que o Brasil precisava mandar uma mensagem a Chávez, numa exigência explícita de que o governo brasileiro agisse para conter o venezuelano. Segundo o relatório dessa conversa, ?Dirceu afirmou que Lula já tinha aconselhado Chávez sobre a necessidade de ser mais cuidadoso em sua retórica (dizendo a Chávez que ele estava ?brincando com uma arma carregada?) e focar em prioridades econômicas e sociais?.

Diante do sentimento antiimperialista do continente, os discursos de Hugo Chávez tiveram uma aceitação que não era interessante aos EUA. Em novembro de 2005, no encontro de líderes regionais, num estádio lotado em Mar del Plata, na Argentina, Chávez discursou contra Bush, dizendo, entre outras coisas, que ele fedia a enxofre, comparando-o a um demônio.

No dia seguinte, em Brasília, Lula adiantou-se em receber Bush para reafirmar sua simpatia pelo presidente norte-americano e não deixar dúvidas de que os acordos entre os dois governos permaneceriam. Contraditoriamente, os documentos aos quais o Valor teve acesso também revelaram que Chávez, pouco antes do discurso na Argentina, havia manifestado interesse em se reaproximar dos EUA.

Dois discursos, uma política e uma única saída para os trabalhadores
O que se pode extrair desses fatos? A posição e o jeito de governar de Lula estão definidos. Os poucos recados enviados por Lula a Bush ? como ?cuide de sua crise?, referência aos efeitos da grave crise econômica norte-americana ? são apenas para manter as expectativas que existem com seu governo. Seus encontros com presidentes latino-americanos ditos de esquerda também não são prova de mudanças ou de aproximação com posições progressivas. Aliás, estas também são quase inexistentes nesses governos. Parece ser muito mais uma forma de manter sob controle a estabilidade na região e, assim, cumprir sua parte no acordo com o imperialismo norte-americano.

Chávez, de seu lado, tenta agrupar estas lideranças e fortalecer um bloco de amigos e melhor governar para suas burguesias. Quando a Colômbia invadiu o Equador com o pretexto de combate às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Chávez se juntou a o presidente equatoriano, Rafael Correa. Eles fizeram críticas a Alvaro Uribe, presidente da Colômbia, e a George W. Bush. Chegaram a romper relações diplomáticas e a deslocar tropas para as fronteiras. Ao final, porém, tudo acabou em confraternização.

Chávez e Correa assinaram um acordo confuso que reafirma o ?compromisso de combater as ameaças (...) provenientes da ação de grupos ilegais ou de organizações criminais?. Na prática, se comprometeram a combater as Farc. Chávez disse até que já havia combatido as Farc quando recém-formado pela Academia Militar. Dias depois da reunião, o exército do Equador prendeu cinco guerrilheiros das Farc.

Nenhum desses líderes pode ser antiimperialista. Eles reprimem os trabalhadores de seus países e defendem seus ricos. Foi o que fez Chávez quando os operários da Sidor se mobilizaram. No ano passado, o governo mandou a polícia reprimir os petroleiros que estavam mobilizados.

Até quando essa situação vai durar e a máscara de Lula vai cair, ainda é uma questão a ser respondida. No Haiti, os famintos se levantam contra as tropas da ONU comandadas pelo Exército brasileiro, fragilizando, na prática, a cooperação de Lula com os EUA. Na Venezuela, os trabalhadores obrigaram Hugo Chávez a nacionalizar a multinacional Sidor, maior indústria siderúrgica do país.

A crise econômica começa a se espalhar pelo mundo, trazendo a fome, a miséria, o desemprego e o endurecimento do nível de vida dos povos. Ataques aos trabalhadores e a seus direitos e a imposição de ritmos de trabalho cada vez mais cruéis, já são inevitáveis. Lutas sociais começam a explodir na América Latina, na Ásia e na África. É uma questão de tempo para que os trabalhadores, a juventude e o povo pobre se organizem e travem uma batalha pelo controle de suas próprias vidas e das riquezas de seus países.


LEIA, ABAIXO, TRECHOS DOS DOCUMENTOS NORTE-AMERICANOS.

Relato da conversa entre Lula e a ex-embaixadora norte-americana Donna Hrinak em outubro de 2002, três dias após a eleição de Lula

?Lula salientou repetidamente que queria trabalhar com os Estados Unidos em geral e na Alca. (...) Ele disse que estava encantado com o tom positivo de sua conversa telefônica na segunda-feira com o presidente Bush e contente que a ligação tenha vindo tão rapidamente após a eleição. Ele indicou que achava que a ligação havia sido um bom começo para a relação e disse que estava interessado em viajar para Washington.?

?Ela observou especificamente que seria importante evitar surpresas desagradáveis. Lula, imediatamente, respondeu que não haveria ?nenhuma surpresa?. Ele disse que estava empenhado em assegurar transparência na condução da relação bilateral. Ele salientou que seu governo não seria 1ideológico?.?

?Ele [Lula] salientou que era um defensor da liberdade política e econômica para todos os povos e que não havia liberdade em Cuba hoje.?


Relato de Donna Hrinak a Washington, em novembro de 2002, após a conversa com Lula

?Deixado à vontade, ele [Lula] pode até decidir manter alguns elementos profissionais do GdB [governo do Brasil] que está saindo. A prova mais difícil para Lula será manter na linha os doutrinários do próprio PT. Ele dá mostras de estar pronto para fazer isso, e sua vitória eleitoral arrasadora pode tornar isso possível politicamente. Prescrições insistentes de fora só tornarão esse equilíbrio mais difícil.?


Relato da conversa de Lula com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, em 2004

?Lula disse que o Brasil está seguindo a política externa mais agressiva de sua história (citando a decisão de enviar tropas para o Haiti como prova do seu novo papel de liderança). Ele quer usar seu bom relacionamento com figuras regionais (p. ex., Lucio Gutierrez no Equador, Nicanor Duarte Frutos no Paraguai, Evo Morales na Bolívia) como uma força pela estabilidade e pela democracia na região. (...) Especificamente, ele defendeu a necessidade de ?tratamento especial? do FMI para um país como o Equador para encorajar reformistas acossados pela oposição de vários campos.?


Relato da conversa de José Dirceu com a secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice em março de 2005

?Dirceu descreveu sua posição sobre Cuba, notando que ele tem laços pessoais muito estreitos com Cuba e Fidel Castro. Em sua opinião, as mudanças em Cuba serão promovidas por mais comércio investimentos, remessas e visitantes de fora. Primeiro, as mudanças serão culturais. Depois, elas irão se espalhar para as esferas social e econômica. Quando o sistema econômico de cuba finalmente se abrir, então o sistema político acompanhará. Não haverá nenhuma revolução ou levante; vai ser mais uma transição gradual.

?Dirceu afirmou que tanto ele quanto o presidente Lula tiveram conversas particulares com Castro e que ministros do governo também estão envolvidos.?

?A secretária e Dirceu se reuniram, então, privadamente por quinze minutos, quando discutiram a Venezuela e a Bolívia. Em resposta ao comentário da secretária de que o Brasil precisa mandar uma mensagem clara ao presidente venezuelano Chávez, Dirceu afirmou que Lula já tinha aconselhado Chávez sobre a necessidade de ser mais cuidadoso em sua retórica (dizendo a Chávez que ele estava ?brincando com uma arma carregada?) e focar em prioridades econômicas e sociais. (...) Em relação à Bolívia, Dirceu comentou que o Brasil tem Evo Morales e a situação nesse país ?sob controle?.?


Publicado no jornal Valor Econômico nos dias 6 e 7 de maio de 2008. A íntegra, em inglês, está disponível no site do jornal, com acesso restrito aos assinantes (www.valoreconomico.com.br)
Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis

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Analisaremos o conteúdo e postaremos conforme aprovada pelo conselho de redação.


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Agenda de Mobilizações 2010

2010

JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
8 - dia internacional de luta das mulheres

ABRIL

MAIO
01 dia de Luta contra as Reformas do Governo em todos os estados
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO

7 Participar do Grito dos Excluídos,
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO