9 de abril de 2008

A arte de ganhar com classe


Por : Mauricio Dias

O nordestino Luíz Inácio da Silva era um homem marcado para perder. Mas ele soube vencer. Escapou com determinação das adversidades sociais e alcançou a Presidência da República num clube em que só se entrava com diploma superior na mão. As exceções ficavam por conta do uso da força.

Lula subverteu a regra. Mas só depois de ter perdido três eleições. Nesse período, ele soube se comportar como derrotado, mesmo à frente de um partido que batia cabeça e não tinha a noção exata da própria identidade. Em 2002, chegou a vez de Lula ganhar.

Ele teve dois anos de armistício dos derrotados. O episódio do Valerioduto (uso de dinheiro não contabilizado para as campanhas eleitorais) deu à oposição uma plataforma de ação: um discurso de hipócritas da ética. Contra a vontade da mídia, a descrença dos políticos e a desconfiança dos empresários, foi reeleito em 2006. Ganhou de Geraldo Alckmin, o preferido do establishment.

A partir daí, a popularidade e a aprovação do governo entraram em ascensão. A oposição radicalizou ainda mais. Parece ter sido esse o pretexto para Lula adotar um discurso de retaliação. O tom mordaz, desafiador, irônico, do presidente exibe uma desnecessária ostentação da vitória que não se adapta aos bons vencedores.

Lula, líder político, sabe perder. Falta provar, no poder, que sabe ganhar.


Uma tradição golpista
A prática política mais repetida na história da República brasileira tem sido a busca de atalhos golpistas. À margem do jogo político, essa prática é a manifestação nua e crua da luta sem medidas pelo poder. A mais recente Comissão Parlamentar de Inquérito criada no Congresso, a CPI da Tapioca, faz parte dessa tradição. A oposição vem fazendo dessas comissões uma arma de conspiração. O dossiê divulgado pelo senador tucano Álvaro Dias é um exemplo alarmante.

Dias alegou que avisou ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, assim que recebeu os documentos, que um suposto dossiê estaria “sendo preparado no Palácio do Planalto para intimidar a oposição”.
Esse suposto dossiê contra FHC guarda semelhança com “as cartas falsas” de Arthur Bernardes, com o “Plano Cohen”, às vésperas do Estado Novo, com a “Carta Brandi”, no governo de Getúlio Vargas, em 1953. Enfim, fatos e personagens de um cenário constante de conspirações. Antes das eleições presidenciais de 1922, o candidato Arthur Bernardes foi acusado de escrever cartas contra os militares. Eram falsas. Às vésperas do Estado Novo (1937), o general Góes Monteiro, que viria a ser o condestável do regime às portas, divulgou o texto do “Plano Cohen”. Era um suposto esquema de tomada de poder pelos comunistas. Outra falsidade.

Carlos Lacerda, símbolo imorredouro do golpismo no País, entra em cena com a “Carta Brandi”, em agosto de 1953, três semanas antes do suicídio de Getúlio Vargas. Lacerda divulgou um documento, atribuído ao parlamentar argentino Antonio Brandi, com supostos planos de Vargas para a implantação de uma república sindicalista no Brasil. Mentira.

Os tucanos e os Democratas (Ex-Arena, ex-PDS, ex-PFL) são herdeiros diretos dessa tradição conspirativa, que tem como expressão atual – viva, sã e vaidosa – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2005, o DEM e o PSDB (com o apoio do ex-comunista Roberto Freire, do PPS) buscaram desesperadamente o impeachment do presidente; em 2006, propunham que Lula desistisse da reeleição. Era o golpe branco.
O documento, contendo informações sigilosas sobre gastos da “Conta B” da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso, remete a uma pergunta elementar: a quem interessa o crime? Aliás, quem perguntou a FHC se é verdade que dona Ruth Cardoso comprou caviar com o cartão funcional da Presidência?



Andante mosso

O museu e o vil metal
O Museu de Minas e Metalurgia, um projeto de características futuristas, que será montado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, vai crescer com rapidez. A obra será bancada com os 20 milhões de reais oferecidos pelo empresário Eike Batista. Uma doação feita sem benefício de incentivos fiscais. Lá ficará guardada a história da matriz econômica de Minas Gerais.

O mosquito do DEM
Cesar Maia adiou a convenção do DEM, marcada para a sexta-feira 4, que sagraria o nome da candidata Solange Amaral à prefeitura do Rio. A oposição sussurra que o prefeito abriu espaço para negociações. Ele nega e ataca:

“A pré-convenção foi adiada em respeito à população num momento delicado de surto de dengue. Não iríamos para o palanque morrer de rir como fizeram Lula e Cabral, em Caxias.”

Garotinho tucano?
Anthony Garotinho está fazendo as malas para deixar o PMDB.

Seu destino pode ser o PSDB. Quem tenta abrir o caminho é o deputado Zito, presidente-regional dos tucanos no Rio de Janeiro. Ele já conversou com a direção nacional do partido e recebeu “sinal verde”.

Essa relação não é nova. Em 2006, o ex-governador deu apoio a Geraldo Alckmin no segundo turno da eleição presidencial.

“Eu me sentiria honrado em tê-lo como companheiro de partido”, diz Zito, o eventual anfitrião, numa antecipação de boas-vindas.

Emprego informal
As autoridades carcerárias do Rio de Janeiro já identificam os presos que deixam a cadeia desempregados ou com emprego garantido.

Os primeiros usam invariavelmente bermuda e camisa velha, rasgadas e amarrotadas, e não levam um centavo no bolso. Os outros, cooptados pelos traficantes, saem com roupa limpa e algum dinheiro no bolso. O suficiente para se deslocarem até o posto de trabalho.

Assim, vão direto para uma boca-de-fumo onde se apresentam aos gerentes de uma das três facções que dominam a venda de drogas na cidade.

Aquele que quebrar o compromisso se voltar para a cadeia morre.

A caravana passa
O governo Lula iniciou uma nova etapa na história da anistia política.

Uma “Caravana da Anistia” percorrerá o País fazendo os julgamentos dos processos de reparação por danos morais e materiais, nos locais onde os episódios ocorreram.

No dia 25 de abril, na região do Araguaia, serão anistiados 120 moradores locais que sofreram com a ação repressiva dos militares: torturas, seqüestros e serviços forçados, gratuitos, prestados ao Exército.

A Guerrilha do Araguaia foi o mais duradouro foco de resistência armada, articulado pelo PCdoB contra a ditadura militar.

“Não é um julgamento dos militares e, sim, da ação do Estado brasileiro naquele momento”, explica Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia.

Artimanha dominante
A proposta do PT para taxação dos milionários, a Contribuição Social Anual Sobre Grandes Fortunas (1% sobre quem tem cerca de 11 milhões de reais), é um teste para uma lei brasileira não escrita.

– Somos todos a favor, desde que não seja à nossa custa. Esse enunciado explica a péssima distribuição de renda no País.

Caixa de maldades
Com os olhos fixos na sucessão de Lula, há petistas que manifestam simpatia pela derrota de Marta Suplicy na eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2008.

Preferem a vitória de Geraldo Alckmin. Mas nada a ver com as lutas internas do PT.

Eles aguardam que o PSDB lance o governador José Serra a presidente. Sem a retaguarda na capital paulista (nas mãos de Alckmin), acreditam que, para eles, em 2010 é só “correr para o abraço”.

Upgrade
O vice-presidente José Alencar defendeu “mais tempo” no poder para Lula, em entrevista à Radio Bandeirantes, na terça-feira 1º de abril.

Em que pese o simbolismo da data, Alencar falava sério. Até então o “terceiro mandato” ou “mais tempo” para Lula era conversa de um obscuro deputado do PT paulista.

Com Alencar o tema, sem dúvida, foi promovido.

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis

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