Sob protestos, EUA encurtam rota da tocha olímpica
Portal G1
Autoridades norte-americanas decidiram cortar quase pela metade o percurso da tocha olímpica nesta quarta-feira (9) em San Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos, para evitar confrontos diretos com os manifestantes anti-China que vêm organizando protestos em diversas cidades pelo mundo.
Após meia hora da cerimônia de abertura, a polícia da cidade cortou a rota original de pouco mais de 9,5 km para cerca de 5,5 km. As autoridades não informaram as razões para encurtar o roteiro da tocha olímpica, mas a polícia local havia antecipado que a rota poderia ser resumida por questões de segurança.
Foram registrados confrontos entre apoaiadores de que a China sedie os jogos olímpicos e oponentes do regime de Pequim.
A cerimônia, marcada para as 17h, começou com atraso. A tocha foi acesa e em seguida carregada pela primeira atleta. Nas ruas de San Francisco, milhares de pessoas esperavam a passagem da chama, mas surpreendemente, a atleta entrou num depósito e desapareceu.
Havia a especulação de que a tocha sairia de barco pela Bahia de San Francisco, mas meia hora depois começou o revezamento pelas ruas da cidade sob forte esquema de segurança. A polícia formou uma barreira para evitar que a tocha sofresse ataques e apagasse, como aconteceu em Londres e Paris.
Desde que deixou a Grécia, a tocha vem sendo alvo de manifestações. Em San Francisco, cidade que tem forte presença asiática, o bairro chinês de Chinatown foi excluído do percurso por temor de incidentes.
Na segunda-feira (7), manifestantes que protestavam contra a China conseguiram driblar a polícia francesa e afixaram na Torre Eiffel uma faixa criticando a realização dos Jogos Olímpicos no país asiático, agendados para agosto deste ano. A faixa de 4 metros mostra os anéis olímpicos feitos de algemas, uma crítica aos direitos humanos na China e à dominação imposta pelo país ao Tibete.
Centenas de pessoas se manifestaram hoje em Paris contra a realização das Olimpíadas na China, obrigando os organizadores do tour da tocha a interromper o trajeto com os maratonistas. A tocha teve de ser apagada e carregada dentro de um ônibus -sob a alegação de "questões de segurança".
No meio da tarde parisiense (por volta das 12h no Brasil) os organizadores decidiram suprimir o último trecho da passagem da tocha pela capital francesa. Eles optaram por transportá-la em um ônibus diretamente para o ponto de chegada, o estádio Charlity, segundo informações da polícia.
Os incidentes de Londres, no domingo, e de Paris, na segunda, alimentaram discussões sobre a oportunidade de uma revisão do percurso da tocha pelo mundo (130.000 kms em mais de 20 países), antes dos Jogos Olímpicos em agosto.
Contudo, Jacques Rogge, presidente do Comitê Internacional Olímpico (COI), assegurou nesta terça-feira (8), para a rede pública de televisão France 3, que essa possibilidade não existe. "É um rumor falso", afirmou.
As autoridades de Pequim têm que prosseguir o seu caminho: "nenhuma força" poderá fazer parar a tocha, afirmou o Bocog, o Comitê organizador chinês. A China anunciou, na terça-feira, que militantes pró-Tibete eram os responsáveis pela "sabotagem" da etapa de Paris e pediu calma aos moradores de São Francisco, para que possam "mostrar o seu amor à paz e aos Jogos".
Para garantir a segurança da chama, as autoridades de Buenos Aires, onde a tocha irá passar na sexta-feira após San Francisco, mobilizarão 1.200 policiais além dos 3.000 funcionários municipais e voluntários.
O ex-jogador de futebol Diego Maradona será o primeiro a levar a chama, que atravessará a capital argentina, e a ex-tenista Gabriela Sabatini será a última. Contudo, já se espera que manifestantes protestem, para pedir um boicote dos Jogos de Pequim devido às violações dos direitos humanos e à repressão ao Tibete.
A Índia, outra etapa de risco, decidiu encurtar o itinerário previsto de 17 de abril em Bombaim, para 3 quilômetros em vez dos 9 iniciais, temendo protestos da grande comunidade de exilados tibetanos (200.000 membros).
A Austrália, onde a chama passará em 24 de abril em Canberra, reforçou igualmente o seu dispositivo de segurança.
O primeiro-ministro Kevin Rudd assegurou que os serviços de segurança da China, "os guardiões da chama" de terno azul, não desempenharão nenhum papel na proteção da tocha em Camberra.
A mesmo posição foi tomada pelo vice-ministro de Relações Exteriores da Índia, Anand Sharma, para quem o país "é capaz de assegurar a segurança".
Outras cidades onde a tocha irá passar, como Jacarta, na Indonésia, Nagano (Japão) e Hong Kong, por exemplo, já afirmaram que irão rever a segurança do percurso.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, pediu à China uma solução pacífica da crise no Tibete e condenou o uso da violência, que segundo ele é incompatível com os valores olímpicos.
"Pedimos uma resolução rápida e pacífica da crise no Tibete, que desencadeou uma onda protestos no mundo", declarou Jacques Rogge, que participa em Pequim de uma reunião de três dias com dirigentes dos comitês olímpicos nacionais.
"A passagem da tocha olímpica tem sido atacada. O Comitê Olímpico Internacional expressa sua viva inquietação e pede uma resolução rápida e pacífica no Tibete", reiterou Rogge, depois dos protestos que afetaram a passagem da tocha no por Londres no domingo.
"Independente da razão, a violência não é compatível com os valores da chama olímpica nem com os Jogos Olímpicos", afirmou Rogge.