Consumir carne é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global
Excremento e abertura de pasto respondem por 18% dos gases do efeito estufa; 9% da emissão mundial de dióxido de carbono (CO2) vem dessa atividade, que está ligada à queima de combustíveis fósseis e à conversão do solo em pasto; 65% do ácido nitroso emitido no mundo é resultado da alimentação dos animais; este gás-estufa é 296 vezes mais perigoso para o ambiente do que o CO2; 37% do metano produzido por atividades humanas vem principalmente do sistema digestivo dos ruminantes; o gás é 23% pior do que o CO2. Esses são alguns dados do relatório A grande sombra do gado, da FAO. As informações são de reportagem de O Estado de S. Paulo, 30-11-06, e reproduzida na seqüência.
A pecuária agrava mais o efeito estufa do que o setor de transportes, com um impacto nocivo na natureza. O cálculo não vem dos ambientalistas mas de um dos bastiões internacionais do setor, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
No relatório A grande sombra do gado, a FAO diz que os gases emitidos pelos excrementos e a flatulência, pelo desmatamento para formar pasto e na geração de energia gasta na administração do gado respondem por 18% dos gases-estufa emitidos anualmente no mundo.
?O gado é hoje uma das coisas que mais contribui para os problemas ambientais mais sérios da atualidade. É preciso tomar uma ação urgente para remediar esta situação?, disse Henning Steinfeld, chefe da FAO para a questão e principal autor do relatório.
O documento tem mais de 400 páginas e se debruça não apenas no impacto da atividade no efeito estufa. Fala também da poluição da água e o encolhimento de florestas, com a respectiva perda de biodiversidade, para ampliar a pecuária. Na Amazônia, 70% do que foi desmatado teve esse fim.
Corte facilitado
O pesquisador Paulo Barreto, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, diz que a exportação de carne brasileira pulou de 5% a 25% em uma década, crescimento só permitido pelo aumento do gado na Amazônia para atender à demanda interna. Ele lembra, contudo, que subsídios diretos e indiretos para o setor alimentaram uma pecuária sem planejamento, com derrubada desnecessária de árvores, e de baixo rendimento na região.
A situação tende a se agravar com o enriquecimento. Se hoje o chinês come cerca de 5 quilos por ano de carne vermelha, seu consumo tende a aumentar na mesma proporção que o seu rendimento ? nos Estados Unidos, por exemplo, o consumo é de 43 quilos. Segundo a FAO, a produção mundial de carne entre 1999 e 2001 foi de 229 milhões de toneladas. A projeção para 2050 é de 465 milhões. Explosão similar é esperada para a produção leiteira: de 280 para 1,043 bilhão de toneladas no mesmo período.
O documento é cheio de superlativos. O setor sustenta 1,3 bilhão de pessoas no mundo e responde por 40% da produção agrícola mundial. Além de pasto, o gado também pede que mais terra seja destinada à produção de ração ? atualmente esse índice é de 33% de toda a área cultivada no planeta.
Para Steinfeld, mudanças devem ser implantadas agora para evitar uma crise futura: ?O custo ambiental pro cada unidade de produção pecuária tem de cair para a metade, apenas para impedir que a situação piore?.
A pecuária agrava mais o efeito estufa do que o setor de transportes, com um impacto nocivo na natureza. O cálculo não vem dos ambientalistas mas de um dos bastiões internacionais do setor, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
No relatório A grande sombra do gado, a FAO diz que os gases emitidos pelos excrementos e a flatulência, pelo desmatamento para formar pasto e na geração de energia gasta na administração do gado respondem por 18% dos gases-estufa emitidos anualmente no mundo.
?O gado é hoje uma das coisas que mais contribui para os problemas ambientais mais sérios da atualidade. É preciso tomar uma ação urgente para remediar esta situação?, disse Henning Steinfeld, chefe da FAO para a questão e principal autor do relatório.
O documento tem mais de 400 páginas e se debruça não apenas no impacto da atividade no efeito estufa. Fala também da poluição da água e o encolhimento de florestas, com a respectiva perda de biodiversidade, para ampliar a pecuária. Na Amazônia, 70% do que foi desmatado teve esse fim.
Corte facilitado
O pesquisador Paulo Barreto, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, diz que a exportação de carne brasileira pulou de 5% a 25% em uma década, crescimento só permitido pelo aumento do gado na Amazônia para atender à demanda interna. Ele lembra, contudo, que subsídios diretos e indiretos para o setor alimentaram uma pecuária sem planejamento, com derrubada desnecessária de árvores, e de baixo rendimento na região.
A situação tende a se agravar com o enriquecimento. Se hoje o chinês come cerca de 5 quilos por ano de carne vermelha, seu consumo tende a aumentar na mesma proporção que o seu rendimento ? nos Estados Unidos, por exemplo, o consumo é de 43 quilos. Segundo a FAO, a produção mundial de carne entre 1999 e 2001 foi de 229 milhões de toneladas. A projeção para 2050 é de 465 milhões. Explosão similar é esperada para a produção leiteira: de 280 para 1,043 bilhão de toneladas no mesmo período.
O documento é cheio de superlativos. O setor sustenta 1,3 bilhão de pessoas no mundo e responde por 40% da produção agrícola mundial. Além de pasto, o gado também pede que mais terra seja destinada à produção de ração ? atualmente esse índice é de 33% de toda a área cultivada no planeta.
Para Steinfeld, mudanças devem ser implantadas agora para evitar uma crise futura: ?O custo ambiental pro cada unidade de produção pecuária tem de cair para a metade, apenas para impedir que a situação piore?.